quinta-feira, 30 de abril de 2009

Yngwie Malmsteen

Em véspera de feriado, nada melhor do que curtir um som.
E nada melhor do que um dos mestres da guitarra...
Deixo com vocês Yngwie Malmsteem.

Bom feriado!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pare o mundo que eu quero descer!

Pare o mundo que eu quero descer!
É esta frase do brilhante Raul Seixas, que na maioria das vezes eu tenho vontade de gritar quando fico tomando conhecimento das principais manchetes dos jornais brasileiros.

Comecemos com a editoria de política: Nada mais claro do que este exemplo. Políticos custarão aos cofres públicos mais de R$ 100 milhões devido à convocação extra; Políticos não comparecem ao plenário na convocação extra, mas receberão mesmo assim; Políticos doarão o dinheiro recebido à ONG’s e instituições de caridade, porém ninguém devolveu ainda. Bom, com esses exemplos, não preciso explicar muito o porquê de querer gritar a frase acima.

Passeando pelas outras editorias, não ficamos mais animados. O que vemos é sempre a mesma coisa: roubos, assassinatos, descasos com a população e todos os tipos de notícias ruins. Até mesmo em assuntos que eram para ser mais leves, não temos tido muito motivo para ficarmos otimistas. Em esportes temos casos de doping, escândalos de arbitragens, brigas entre torcidas etc. Na parte de cultura vemos verbas públicas sendo “utilizadas” em filmes não acabados.
Bem, mas mesmo assim temos que ter esperança de que as coisas irão mudar. Contudo, isso só ocorrerá com a mudança de mentalidade de todos nós.

Que tal começarmos a agir e tentarmos mudar o pequeno mundo a nossa volta? Primeiro em casa, seguindo do ambiente de trabalho e assim por diante. Como diria também Raul Seixas, Tente outra vez!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Um novo Marshall McLuhan?



Com o título do post mencionado acima, a revista Época Negócios introduziu a entrevista com o professor do MIT, Henry Jenkins (Foto ao lado retirado do blog do autor).

Confira a entrevista completa AQUI.

O livro Cultura da Convergência foi lançado aqui no Brasil, no final do ano passado. Abordando o assunto que domina as rodas de discussão no meio da Comunicação Social, Jenkins analisa e propõe discussões a respeito da convergência das mídias e dos meios de comunicação.

Resolvi escrever este post, em contraponto com o post no qual eu falei sobre o Culto do Amador (Clique aqui), no qual o escritor britânico Andrew Keen acusa a dinâmica cooperativa da Web 2.0 como a causadora de diversos males na Humanidade.

Henry Jenkins aborda de uma maneira prática e clara os diversos assuntos que pontuam esta eterna discussão. Para o estudioso, quando o assunto convergência é abordado pelas pessoas da indústria da mídia, o aspecto tecnológico sempre é encarado como determinante. Para ele, além deste aspecto, deve-se levar em conta o conteúdo de interesse dos usuários.

Outro assunto abordado é a exploração do potenciais dos blogs. Segundo Jenkins, o modo como conhecemos os blogs atualmente irão em breve sofrer alteração.

"O modelo de negócios que irá sustentar os blogs depois que a primeira onda de excitação e paixão começar a diminuir ainda não está claro." (Henry Jenkins)
Recomendo a leitura do livro, da reportagem e também do blog de Henry Jenkins (Clique aqui), pois assim podemos conhecer os dois lados da moeda e discutir este assunto de vital importância, que é o futuro das mídias e do modo de comunicação de todos nós.

Concurso Público



Todas as pessoas que desejam concorrer a um cargo, seja público ou privado, passam por uma bateria de testes, exames, entrevistas e as mais diversas maneiras de ser avaliado profissionalmente. Será que não seria justo que para os nossos políticos essa exigência não fosse a mesma?
Milhares de pessoas que passam pela experiência de estudar, fazer cursos de especialização e tudo o mais, sabe da dificuldade que é exercer sua profissão e das exigências do mercado. Empresas privadas são geridas por administradores formados e com certa experiência. São essas que certamente geram mais lucros e que são mais destacadas no mercado. Por que no comando do nosso país não podemos ter pessoas capacitadas e que por profissão tenha conhecimento em administração, economia e gerência de projetos?
Muitas pessoas alegam que se fosse assim, a representação das camadas mais pobres seria prejudicada e que a elite seria favorecida. Porém, o que vemos hoje é um festival de incompetência e defesas de interesses próprios de quase todos os políticos. Seria a hora de se tornar a política brasileira mais profissional e séria. O pacote de benefícios e salários poderiam ser fechados e sem direito a aumentos durante os mandatos. Ou seja, cada um deveria aceitar apenas o oferecido, assim a rotina de aumentar o próprio salário, seria proibido.
Assim, acredito que apenas as pessoas interessadas em realmente administrar e fazer nosso país desenvolver de fato, seriam candidatos em potencial. Será uma utopia de uma pessoa cansada de todos os desmandos cometidos pela nossa classe governante?

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Cara, cadê meu país?



Vocês já pararam para reparar nas manchetes diárias publicadas nas mídias? Todas elas só trazem notícias ruins: Corrupção, violência, roubo, extorsão, seqüestro e todos os tipos de maracutaias. É parlamentar recebendo propinas, moleques divulgando cenas de sexo pela internet, tráfico de drogas e cenas de assalto gravadas e passadas pela TV. Aonde foi que perdemos o fio da meada e deixamos o país derivar para esse lado? Será que sempre foi assim? Será que tem jeito?
Algumas atitudes simples que podemos tomar, melhorariam nossas vidas em alguns desses aspectos. A primeira de todas é a já batida consciência política. Devemos sempre nos inteirar dos assuntos políticos e tentar escolher bem nossos representantes. Além de votar, precisamos acompanhar o que é feito e discutido em nosso nome. Cobrando sempre atitudes e posições coerentes de nossos dirigentes.
No campo da sociedade, uma boa medida é a criação de nossos filhos de maneira condizente com o queremos para o futuro de nosso país. Lições de cidadania e respeito aos direitos do próximo, não são deveres apenas das escolas, devem começar em casa, principalmente pelas atitudes tomadas pelos pais, que servem de bom exemplo.
Uma coisa é certa: Devemos lutar para ter o país de nossos sonhos. Não podemos esmorecer e “entregar os pontos”. Devemos ter sempre em mente que o país tem jeito e que somente lutando de forma pacífica e democrática chegaremos ao rumo certo.

domingo, 26 de abril de 2009

Justo Veríssimo mais atual do que nunca



Para quem não sabe quem é Justo Veríssimo ou não está ligando o nome a pessoa, aí vai um pouco da história.

Justo Veríssimo foi um personagem criado por Chico Anysio e que ironizava os políticos brasileiros com todos os seus defeitos reunidos em um só. Corrupção, arrogância, descaso pela população etc.

Parece que o personagem continua mais atual do que nunca.

Basta acompanharmos o noticiário que surge a cada dia vindo de Brasília. Passagens aéreas para parentes, propinas, escândalos e todo o tipo de maracutaia que possamos imaginar e até aquelas que nem imaginamos.


Abaixo segue uma lista de links interessantes retiradas da Blogosfera, para que possamos parar e refletir um pouco sobre o que queremos para o nosso país.








sábado, 25 de abril de 2009

O culto do amador


O escritor britânico Andrew Keen lançou em junho de 2007 o livro "O culto do amador". Keen aponta e dispara a sua metralhadora giratória para toda a estrutura da Web 2.0. Funcionando como uma espécie de profeta do apocalipse moderno, Keen acredita que o modo colaborativo (wiki) da estrutura da web trará consequências devastadoras em diversos setores da Humanidade.
Durante todo o livro, a raiva latente sobre todos os modos de interatividade é um capítulo a parte. Começando pelos blogs, passando pela Wikipedia e desaguando no Youtube, nada escapa da crítica mordaz do britânico.
Acusa a Web 2.0 como sendo a principal causadora dos enormes prejuízos da indústria fonográfica, literária e cinematográfica.

Um livro, que apesar de ser radical demais em diversos pontos, levanta questões interessantes e que deveriam ser mais discutidas atualmente, principalmente pelos legisladores que ainda insistem em excluir os assuntos digitais das pautas de leis.

Vale a pena dar uma olhada!

Apesar de toda a crítica ao modo colaborativo da Web, Andrew Keen possui o seu Blog (Clique aqui)


quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia Mundial do Livro


O Dia Mundial do Livro é comemorado no dia 23 de Abril. A data foi instituída pela Unesco para divulgar a importância da leitura em todo o mundo. O Brasil ainda possui um déficit, pois segundo levantamentos, mais de 10% da população com mais de 15 anos ainda é analfabeta e mais de 300 municípios não possui sequer uma biblioteca.
Quem me conhece sabe da importância que os livros tiveram em todas as fases da minha vida. Leitor precoce, agradeço à minha mãe por incutir este saudável hábito da leitura. Sempre busquei incentivar a todos o gosto pela literatura. Sendo assim, que tal aproveitarmos o dia de hoje e começarmos a colocar nossa leitura em dia?
Deixe um comentário sobre o livro que marcou a sua vida e o motivo!
Feliz Dia do Livro!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quanto despreparo!



Essa deu no site www.oglobo.com.br.

Agora parece que foi decretado de vez que para os moradores da Zona Sul, o que fica do lado de lá do túnel é tudo igual e pertencente à Zona Norte.

Não existe mais diferença entre Penha (Mercado São Sebastião) e Madureira (Mercadão de Madureira).

De repente, o próximo passo é colocar um muro separando o "Rio Sul" do "Rio Norte".

Parece que uma aulinha de geografia da cidade do Rio de Janeiro nas redações cairia bem.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Casa Grande & Senzala

A cada dia eu me surpreendo mais até onde chega a capacidade do Estado tratar os cidadãos brasileiros, principalmente na cidade do Rio de Janeiro.
O episódio que ocorreu na manhã de ontem, quando passageiros (que pagam passagens!) da Supervia (concessionária que administra os trens da cidade) foram agredidos por funcionários que, segundo a própria empresa afirmou, estavam preparados para tratar os passageiros com cordialidade e ajudá-los em caso de problemas, é chocante.

Dirão alguns que a reação se deu pelo fato de alguns passageiros estarem impedindo o fechamento das portas das composições e que estavam colocando em risco a segurança de todos. Contudo, a reação desmedida não tem desculpa. O pior foi ter de ver a participação de um policial militar na confusão e que não fez nada para impedir as agressões.

A entrevista do gerente de marketing da Supervia também foi digna de nota. Quando questionado a respeito no jornal da tarde da Rede Globo, o secretário afirmou que a questão da greve está deixando a todos estressados e tentou transferir a responsabilidade para os maquinistas que aderiram ao movimento grevista.

Depois dos muros instalados nas "senzalas" (favelas) e das chibatadas nos passageiros, estou esperando a hora de ver a instalação de troncos em pleno Largo da Carioca.

Veja aqui o vídeo exibido no G1.


Leia aqui mais sobre este assunto no blog A Lenda

terça-feira, 14 de abril de 2009

Sorria, você está na Barra!

Sorria, Você está na Barra e outras Histórias é uma coletânea de contos, poemas, crônicas e artigos sobre os mais diversos assuntos cotidianos. De maneira divertida e simples não é difícil se apaixonar pelo livro logo no primeiro conto.

Mariana Valle faz parte da novíssima geração de escritores, que passeia com desenvoltura pelas crônicas, poemas e chega aos artigos com extrema facilidade. Talvez esse fato se deva à geração multimídia que vemos se formar bem a nossa frente.

Com um texto direto e simples, Mariana parece conversar olho no olho (bem ao seu gosto) com o leitor.

Blogueando I




Dando uma passeada nos blogues bacanas e interessantes, podemos ter contato com diversas idéias e histórias que nos servem de alerta, entretenimento, conhecimento etc.

Começarei essa série hoje, quando trago para este espaço, o que mais me chamou a atenção e que acredito que valha a pena ser repartido e divulgado.

Hoje, trago um post do blogue A Lenda, de autoria de Rafael Fortes. Por coincidência, hoje estava ouvindo no rádio sobre a importância da solicitação da nota fiscal em todos os serviços e bens que adquirimos. Isso seria uma forma de inibir a sonegação.
Mas como vocês poderão ler no post a seguir, as coisas não funcionam tão bem assim pelas terras tupiniquins.
Boa leitura!


Feriadão da sonegação
By Rafael Fortes

Feriadão. Viagem de descanso. Região dos Lagos. Praia. Pacote reservado com antecedência em pousada em Búzios (RJ). Dias seguidos de sol. Maravilha.
Hora de fechar a conta e pagar os famigerados 10%. A reserva enviada por correio eletrônico informa: valor da reserva "+ 10% de taxas e despesas (se houver)". Mas a simpática atendente informa que o percentual é cobrado sobre o valor total (somando o pacote ao consumo no frigobar), contrariando o texto enviado pela própria pousada. Nada de "se houver". Meio sem jeito, pago. Peço a nota fiscal.
- Como assim, nota fiscal? É recibo que você quer?
- Não, é nota fiscal.
- Olha, nota fiscal, assim, eu não tenho não. Posso te dar um recibo.
- Não, recibo não serve.
- Ah, me desculpa, então. Essa eu vou ficar te devendo.
Fica a dúvida: devendo a mim ou à prefeitura da cidade e ao governo do estado?
Lembro das campanhas dizendo que cidadão consciente exige a nota fiscal.
Lembro da apologia do turismo feita constantemente pelas autoridades, que alegam que a atividade "aumenta a arrecadação de impostos". Exemplo dessa retórica
ocorreu em relação ao Pan 2007 no Rio de Janeiro, na tentativa de justificar as centenas de milhões de reais de dinheiro público roubado e/ou desperdiçado com obras superfaturadas e elefantes brancos. Como se: restaurantes e lanchonetes; boates, puteiros e casas noturnas em geral; postos de gasolina; teatros, cinemas, shows e outros espetáculos artísticos; pousadas, hotéis e albergues; imobiliárias; locadoras de automóveis; entre outros tipos de comércio assiduamente freqüentados pelos turistas fornecessem, de forma espontânea e constante, nota fiscal correspondente aos produtos e serviços vendidos, fazendo com que o dinheiro do turismo "gere impostos".
Lembro da apologia do empresariado e da demonização dos impostos feitas pela mídia gorda, para a qual o empresário brasileiro é o sujeito mais coitadinho sobre a face da Terra. Será que a outra filial da pousada em questão, localizada em Penedo (Região Serrana), fornece nota fiscal? Ou também "fica devendo"?
Lembro da cantilena de que o "turismo gera empregos". Gera, sem dúvida. Mas empregos de que tipo? Se o estabelecimento comercial não emite nota fiscal, cabe a pergunta: será que assina a carteira de seus empregados? Quanto lhes paga de salário? Recolhe devidamente os impostos e contribuições?
Enquanto isso, a 300m dali, a Prefeitura Municipal de Búzios mobilizava vários funcionários públicos para perseguir barraqueiros e vendedores. Uma parte deles trabalhava com coletes e crachás, o que me parece - no olhar de fora e superficial com que observo, claro - uma forma interessante de legalizar os vendedores. De qualquer forma, merece registro a escolha de mandar a fiscalização à areia para perseguir trabalhadores, enquanto pertinho dali estabelecimentos comerciais funcionam recusando-se a emitir nota fiscal. Mais um episódio da criminalização da pobreza vigente no Rio de Janeiro, à qual alguns dão o nome-fantasia "choque de ordem".
Em tempo: obviamente, escrever em blogue sobre temas deste tipo não tem qualquer valor prático nem substitui a procura dos órgãos estatais competentes.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A Mídia na Sociedade Brasileira - Parte III

A mídia na sociedade brasileira foi um post criado no início do Blog do Argônio, ano passado (sim...o Blog fez um ano este mês), para apontar o que é veiculado nos grandes veículos de comunicação de maneira a deturpar ou subverter certas informações.

Na edição da Folha de São Paulo de ontem, uma reportagem com chamada de capa ("Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto"), abordava um suposto fato que aconteceu durante a ditadura militar no Brasil. O grupo "terrorista", do qual a atual ministra da Casa Civil fazia parte, teria arquitetado um plano para o sequestro de Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda.

A reportagem foi baseada em uma entrevista concedida pelo jornalista Antônio Roberto Espinosa. Contudo, no dia de hoje, o referido jornalista emitiu uma carta de opinião, na qual nega e afirma que o conteúdo editado da matéria, contradiz grande parte do que foi falado durante as entrevistas.
A Folha não publicou a carta na íntegra. Portanto, faço a minha pequena colaboração e reproduzo a carta a seguir.


À coluna painel do leitor

Chocado com a matéria publicada na edição de hoje (domingo, 5), páginas A8 a A10 deste jornal, a partir da chamada de capa “Grupo de Dilma planejou seqüestro de Delfim Neto”, e da repercussão da mesma nos blogs de vários de seus articulistas e no jornal
Agora, do mesmo grupo, solicito a publicação desta carta na íntegra, sem edições ou cortes, na edição de amanhã, segunda-feira, 6 de abril, no “Painel do Leitor” (ou em espaço equivalente e com chamada de capa), para o restabelecimento da verdade, e sem prejuízo de outras medidas que vier a tomar.
Esclareço preliminarmente que:
1) Não conheço pessoalmente a repórter Fernanda Odilla, pois fui entrevistado por ela somente por telefone. A propósito, estranho que um jornal do porte da Folha publique matérias dessa relevância com base somente em “investigações” telefônicas;
2) Nossa primeira conversa durou cerca de 3 horas e espero que tenha sido gravada. Desafio o jornal a publicar a entrevista na íntegra, para que o leitor a compare com o conteúdo da matéria editada. Esclareço que concedi a entrevista porque defendo a transparência e a clareza histórica, inclusive com a abertura dos arquivos da ditadura. Já concedi dezenas de entrevistas semelhantes a historiadores, jornalistas, estudantes e simples curiosos, e estou sempre disponível a todos os interessados;
3) Quem informou à Folha que o Superior Tribunal Militar (STM) guarda um precioso arquivo dos tempos da ditadura fui eu. A repórter, porém, não conseguiu acessar o arquivo, recorrendo novamente a mim, para que lhe fornecesse autorização pessoal por escrito, para investigar fatos relativos à minha participação na luta armada, não da ministra Dilma Rousseff. Posteriormente, por e-mail, fui novamente procurado pela repórter, que me enviou o croquis do trajeto para o sítio Gramadão, em Jundiaí, supostamente apreendido no aparelho em que eu residia, no bairro do Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro. Ela indagou se eu reconhecia o desenho como parte do levantamento para o seqüestro do então ministro da Fazenda Delfim Neto. Na oportunidade disse-lhe que era a primeira vez que via o croquis e, como jornalista que também sou, lhe sugeri que mostrasse o desenho ao próprio Delfim (co-signatário do Ato Institucional número 5, principal quadro civil do governo ditato rial e cúmplice das ilegalidades, assassinatos e torturas).
Afirmo publicamente que os editores da Folha transformaram um não-fato de 40 anos atrás (o seqüestro que não houve de Delfim) num factóide do presente (iniciando uma forma sórdida de anticampanha contra a Ministra). A direção do jornal (ou a sua repórter, pouco importa) tomou como provas conclusivas somente o suposto croquis e a distorção grosseria de uma longa entrevista que concedi sobre a história da VAR-Palmares. Ou seja, praticou o pior tipo de jornalismo sensacionalista, algo que envergonha a profissão que também exerço há mais de 35 anos, entre os quais por dois meses na Última Hora, sob a direção de Samuel Wayner (demitido que fui pela intolerância do falecido Octávio Frias a pessoas com um passado político de lutas democráticas). A respeito da natureza tendenciosa da edição da referida matéria faço questão de esclarecer:
1) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;
2) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma;
3) Dilma sequer teria como conhecer a idéia da ação, a menos que fosse informada por mim, o que, se ocorreu, foi para o conjunto do Comando Nacional e em termos rápidos e vagos. Isto porque a VAR-Palmares era uma organização clandestina e se preocupava com a segurança de seus quadros e planos, sem contar que “informação política” é algo completamente distinto de “informação factual”. Jamais eu diria a qualquer pessoa, mesmo do comando nacional, algo tão ingênuo, inútil e contraproducente como “vamos seqüestrar o Delfim, você concorda?”. O que disse à repórter é que informei politicamente ao nacional, que ficava no Rio de Janeiro, que o Regional de São Paulo estava fazendo um levantamento de um quadro importante do governo, talvez para seqüestro e resgate de companheiros então em precárias condições de saúde e em risco de morte pelas torturados sofridas. A esse propósito, convém lembrar que o próprio companheiro Carlos Marighela, comandante na cional da ALN, não ficou sabendo do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Por que, então, a Dilma deveria ser informada da ação contra o Delfim? É perfeitamente compreensível que ela não tivesse essa informação e totalmente crível que o próprio Carlos Araújo, seu então companheiro, diga hoje não se lembrar de nada;
4) A Folha, que errou a grafia de meu nome e uma de minhas ocupações atuais (não sou “doutorando em Relações Internacionais”, mas em Ciência Política), também informou na capa que havia um plano detalhado e que “a ação chegou a ter data e local definidos”. Se foi assim, qual era o local definido, o dia e a hora? Desafio que os editores mostrem a gravação em que eu teria informado isso à repórter;
5) Uma coisa elementar para quem viveu a época: qualquer plano de ação envolvia aspectos técnicos (ou seja, mais de caráter militar) e políticos. O levantamento (que é efetivamente o que estava sendo feito, não nego) seria apenas o começo do começo. Essa parte poderia ficar pronta em mais duas ou três semanas. Reiterando: o Comando Regional de São Paulo ainda não sabia com certeza sequer a freqüência e regularidade das visitas de Delfim a seu amigo no sítio. Depois disso seria preciso fazer o plano militar, ou seja, como a ação poderia ocorrer tecnicamente: planejamento logístico, armas, locais de esconderijo etc. Somente após o plano militar seria elaborado o plano político, a parte mais complicada e delicada de uma operação dessa natureza, que envolveria a estratégia de negociações, a definição das exigências para troca, a lista de companheiros a serem libertados, o manifesto ou declaração pública à nação etc. O comando nacional só participaria do planejamento , portanto, mais tarde, na sua fase política. Até pode ser que, no momento oportuno, viesse a delegar essa função a seus quadros mais experientes, possivelmente eu, o Carlos Araújo ou o Carlos Alberto, dificilmente a Dilma ou Mariano José da Silva, o Loiola, que haviam acabado de ser eleitos para a direção; no caso dela, sequer tinha vivência militar;
6) Chocou-me, portanto, a seleção arbitrária e edição de má-fé da entrevista, pois, em alguns dias e sem recursos sequer para uma entrevista pessoal - apelando para telefonemas e e-mails, e dependendo das orientações de um jornalista mais experiente, no caso o próprio entrevistado -, a repórter chegou a conclusões mais peremptórias do que a própria polícia da ditadura, amparada em torturas e num absurdo poder discricionário. Prova disso é que nenhum de nós foi incriminado por isso na época pelos oficiais militares e delegados dos famigerados Doi-Codi e Deops e eu não fui denunciado por qualquer um dos três promotores militares das auditorias onde respondi a processos, a Primeira e a Segunda auditorias de Guerra, de São Paulo, e a Segunda Auditoria da Marinha, do Rio de Janeiro.Osasco, 5 de abril de 2009Antonio Roberto EspinosaJornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de Abraços que sufocam - E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe.