A evolução da humanidade passa pelo desenvolvimento da comunicação. Seja no momento do nascimento da língua falada ou da escrita. Diversos acontecimentos e desdobramentos foram se dando com o desenvolvimento do modo como interagimos com linguagem, gestos e textos.
A partir dessa ideia lançada na Pós graduação de Mídias Digitais, nosso grupo escreveu um artigo intitulado "Digitalização e Virtualização do texto", onde tomamos como base dois autores: Steven Johnson e Pierre Levy, para mostrarmos como o desenvolvimento do modo do texto digital influenciou no modo como as pessoas interagem e ainda a mudança na relação pensamento/escrita.
Para ler o artigo completo, clique aqui. Faça o cadastro e vá nas edições onlines da Revista Artefactum. O artigo encontra-se na edição de fevereiro de 2010.
Vale a pena dar uma olhada no artigo Wilson Oliveira: "O YOUTUBE E A MEMÓRIA: um arquivo para além das imagens e das coisas"
Penso que tanto quanto escrever, ler também deve ser motivo de consideração. Porque a leitura mudou depois da web e, principalmente, depois da invenção do 'link'. Acho que, mais do que pensar no que escrever, hoje um autor deveria se perguntar 'como vão ler o que vou escrever?'
ResponderExcluirNos últimos tempos tenho a sensação de que ler um livro ou um artigo extenso costumava ser muito fácil. Eu permanecia imerso por horas seguidas na leitura de longos textos. Agora, a minha concentração se desfaz após duas ou três páginas. Perco o fio e sinto como se fosse preciso literalmente arrastar o meu cérebro de volta ao texto. A leitura profunda que costumava acontecer naturalmente, agora se tornou árdua. Desconfio do que está acontecendo: é a WEB! A rede se tornou para mim – e para a maior parte da humanidade – um meio universal por onde a maior parte da informação é disseminada e coletada – ou seja, o meu cérebro deixou há muito de ser o meio natural de processar informação, para se tornar um molde onde a informação e o conhecimento deixaram de ser o resultado da concentração. Agora a minha mente parou de funcionar em profundidade – prefiro 'surfar' na superfície das coisas.
Isto é, quando mais utilizo a rede, mais tenho que lutar para me manter concentrado por longos textos. Será isso o prenúncio do fim dos livros como os vemos há 600 anos, desde a invenção do tipo móvel? O tipo móvel produziu o livro, que demanda uma forma própria de leitura, geralmente tendo o leitor o objeto entre suas mãos, virando as páginas pacientemente por longos períodos de tempo, enquanto a obra vai sendo absorvida vagarosamente. Agora, na rede, faço uma varredura sobre as passagens mais curtas do texto, subsidiado por várias fontes on-line e links, de modo que mesmo um post de blog muito longo torna-se maçante e dá trabalho demais para absorver.
Ou seja , a partir de uma fonte eu salto para outra e raramente retorno à página inicial que já tinha visitado. Normalmente não leio mais do que uma ou duas “páginas” (ou o equivalente a isso na web) de um artigo ou livro antes de "pular" para um outro site.
É claro que não estou mais lendo on-line no sentido tradicional da palavra. Na verdade, acho que essa é uma "nova forma de ler", algo semelhante a "navegar" horizontalmente através de títulos, resumos e conteúdos. Me tornei incapaz da leitura on-line no sentido tradicional.
Graças à ubiqüidade de texto na internet, podemos muito bem estar lendo mais hoje do que na década de 1970 ou de 1980, quando a TV definia de escolha. Mas agora é um tipo diferente de leitura, e por trás dele acho que está uma forma diferente de pensar, talvez até um novo sentido do “eu”. Desconfio de que o estilo de leitura promovido pela Web coloca a "eficácia" e "iminência" acima de tudo. Mas esse estilo pode também estar enfraquecendo a nossa capacidade para o tipo de leitura profunda que surgiu com a imprensa.
Como a leitura não é uma habilidade instintiva como é a fala, temos que aprender a traduzir os símbolos que vemos para a língua que compreendemos. E os meios de comunicação social ou de outras tecnologias que utilizamos para aprender e praticar a leitura desempenham um papel importante na formação do circuitos neurais dentro de nosso cérebro. Assim, podemos deduzir que os tecidos neurais modificados pelo uso da Net serão diferentes dos tecidos formados com a leitura de livros e outras obras impressas.
O que eu estou tentando dizer, é que a leitura na Web é algo que ainda não está bem conhecido. Um escritor pode estar pensando que o seu texto vai ser lido da mesma maneira no papel impresso e na tela do PC. Errado! As leituras serão diferentes. Acho que esta vertente de tanto texto curto que está abundando na literatura mais atual tem algo a ver – embora ainda de forma inconsciente – com esse imediatismo da leitura na Web. Afinal, quem é que vai ler Guimarães Rosa no computador? Deve ser uma tortura. Bem, isso já está ficando muito longo e temo que você tb vai parar de ler :-)
Sensacional,Leo!
ResponderExcluirNada melhor que o aprimoramento dos textos,ára facilitar a comunicação.Seja por quais veículos forem.
Visitarei o link.
Abs!
Vou fazer o cadastro para ler a revista on line. Bela dica.
ResponderExcluirAbraços
Guido,
ResponderExcluirMais uma vez obrigado pela sua participação aqui no Blog do Argônio.
Sempre abrilhantando nosso espaço e contribuindo para uma maior interação e debates mais profundos.
Carol e Uelton, obrigado pela participação constante também...
Obrigado pela indicação do texto, Leo.
ResponderExcluirUm abraço
Wilson