terça-feira, 13 de abril de 2010

Coluna da Rouge - Melodias de Bolero


Rosa e Fernandes se conheceram em meio a melodias e passos de bolero na Argentina.
Fernandes é o pianista da noite e Rosa, a bailarina, sente arrepios pelo corpo somente em ver os pêlos das mãos do músico.
Dançam juntos ao ponto de seus cheiros se fundirem.
Manhã seguinte, ela procura suas sandálias carmesins pelo chão do quarto, veste-se e ajeita pelo espelho seu vestido de cetim. Um breve cheiro e um beijo sobre a pele alva de Fernandes, ainda adormecido. Porém, durante a despedida naquele quarto, ela esquece de si.
Nova viagem à Argentina. Rosa precisa buscar o seu pedaço que por lá ficou. Procura por Fernandes, mas sem êxito. A incompleta Rosa senta em um bar, abre um livro e toma um café. A tarde cai e de repente um arrepio percorre o seu corpo. Melodias de um piano se tornam próximas, acordes dissonantes como se tocassem seu corpo a fazem sentir as exatas sensações daquela noite voraz. Fernandes vem ao seu encontro e sem dizer uma só palavra a beija. Ao tocar de lábios, ela se reencontra.
Na manhã seguinte é acordada por um beijo de Fernandes. Após apreciar as flores e o café sobre a bandeja em que ele havia trazido, Rosa senta na cauda do piano roça suas coxas nos pêlos das mãos másculas do pianista. A fragrância de desejo a delata. A bailarina ensaia movimentos leves em meio aos mãos que dedilhavam notas musicais. Novamente se desfrutam, mas desta vez sobre o piano.
Após a excêntrica dança, Rosa se veste e o beija. Despedindo-se novamente esquece de si. Voltará daqui alguns anos. E como um ciclo felino mais uma vez se reencontrará, se entregará e nos lábios do músico perderá de si.

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