segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pequena TV

Foto: Leo Lagden



Falar mal da TV é sempre chover no molhado. Todos criticam os programas, o baixo nível e a falta de opção da TV aberta. Mas ninguém se furta de comentar (sempre com a desculpa de que estava mudando de canal) o BBB, a novela e outras coisas mais.

O fato é que o nível realmente é baixíssimo. Quem tenta se refugiar na TV paga, também não tem a vida fácil. No final de semana passado, liguei a TV no começo da manhã e passeando pelos canais, percebi que a maioria deles passavam programas de vendas de produto. Passei pelo History Channel, Discovery, AXN, Warner e muitos outros. Propagandas de lava-jato sob pressão, panelas, equipamentos de ginásticas, juicers e todo o tipo de quinquilharia que se vende pela TV. Além de já contar com alguns canais de vendas 24 horas (Shoptime, por exemplo), em determinados momentos ficamos praticamente sem opções.

Ou seja, você tenta escapar da baixa qualidade da TV aberta e cai na armadilha das vendas pela TV.

É dura a vida de quem gosta de um bom programa de TV, que irremediavelmente se escondem pelas madrugadas nos canais.

11 comentários:

  1. Oi Léo!
    Eu já desisti da Tv.
    Garimpando com cuidado,ainda dá pra encontrar programas de qualidade.
    Contudo uma tarefa àrdua!rs
    Bjs!

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  2. Eu gosto de algumas novelas e sou fã do BBB (não me ache uma imbecil aculturada, é que algumas banalidades ajudam a distrair e divertem). Sem contar que as produções "novelísticas globais" são impecáveis e a edição do BBB apresentada em tv aberta é a melhor do mundo (além de ter o Bial, que é uma delícia- rs).
    Mas, independente dos argumentos usados para parecer menos idiota, de fato às vezes é muito difícil assistir tv, principalmente aos domingos.

    beijo rouge

    Dani

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  3. Eu vejo telenovela na Globo regularmente desde Duas Caras, aquela da Portelinha, a única favela do Brasil que não tinha mosquito. Acendo 'unsinho' e vou vendo. As novelas evoluem muito pouco. Houve uma em que o se sabia de antemão quem era a vilã - então o público acompanhava, querendo ajudar a heroína. Foi uma coisa "chupada" dos filmes de Hitchcok, onde vc sempre sabe quem é o vilão. As novelas de um modo geral não sabem transar com a tecnologia mais elementar: ninguém usa interfone e os personagens aparecem na porta sem avisar. Onde é que isso acontece no Brasil? Cadê os porteiros? Os autores não conseguem resolver esse problema e fica sempre aquela aparição surpresa, tipo folhetim do séc. XIX. Vou me divertindo. Depois o crime é mais ou menos desculpável na TV Globo. Na novela Caminho das Indias, um pitboy atropelava uma personagem grávida. Ela perde o filho. O garoto não vai em cana, termina fazendo trabalho comunitário. Houve uma novela em que o bicheiro representado pelo Wilker era amável, um doce de pessoa - aquela história brasileira de que todo mundo queria ser amigo de bicheiro. É por onde vou me divertindo.

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  4. Outro ponto que é muito interessante observar, é como a infância é tratada na TV. Lembram da Feiticeira, aquela do chicotinho que insinuava sado-masoquismo? Pois bem, andando por Copacabana vejo numa esquina uma senhora gorda e patusca segurando pela mão uma menininha totalmente vestida de feiticeira, com liga e o chicotinho sádico. A família devia achar uma graça. Num país onde 20 mil meninas menores de idade dão a luz anualmene, isso é perfeitamente aceitável. Agora temos essa garotinha de Viver a Vida, um monstrinho que todos acham uma gracinha. É uma criança que vai se tornando adulta rapidamente, sem infância saudável: vive com a mãe solteira e participa das armações afetivas dela, faz os deveres na mesa do bar, já insinua interesse amoroso por um menino e presencia cenas de adultério. Mas achamos tudo isso absolutamente normal. E na verdade é 'normal' no Brasil, onde as crianças deixam de o ser muito cedo. Repare como o Faustão trata as crianças que vão ao programa: qual é a primeira pergunta? Está estudando? Errado. A primeira pergunta sempre é se ele ou ela já tem namorado. Os pais ficam orgulhosos quando o garotinho começa a paquerar e as meninas pintam os lábios. Coisa de uma sociedade venal e primitiva, que não trata bem de sua infância. A TV mostra tudo isso e realimenta tais padrões. As brincadeiras competitivas de tia Xuxa estimulam o antagonismo e humilham as crianças. Todos acham maravilhoso. Basta ver como a apresentadora expõe a própria filha. E aos adultos, o máximo oferecido são esses programas tipo BBB, que é uma forma de alpinismo social. A questão da apreciação de obras de arte, por exemplo: uma novela mostrava a dona de uma galeria discutindo quais obras deveriam comprar - o critério era simples: "vou ficar com o trabalho desse, porque ele é muito famoso". As notícias sobre arte no JN sempre giram em torno dos preços que as obras atingem nos leilões. Tem razão, Leo, a TV é pequenina, do tamanho que as pessoas devem ficar: pessoas menores.

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  5. São raros os programas que valem a pena fica assistindo, a TV paga como vc bem disse não está muit bem em programação.

    Abraços

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  6. Leo, que foto rapaz! O Godard costumava dizer que as pessoas querem uma imagem cada vez menor e mais próxima e não uma imagem grande e distante como a cinematográfica. A TV em sua pequenez safada compreendeu isso. Kill yout TV, live (in) Your TV!

    E agora com a tv,o cinema e tudo no papel. Dá uma olhada!

    http://www.ted.com/talks/lang/eng/pranav_mistry_the_thrilling_potential_of_sixthsense_technology.html

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  7. Certos programas são realmente inúteis, outros são culturais, basta escolher com destreza.
    Beijos

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  8. Como fico feliz em ter comentários deste gabarito aqui no Blog do Argônio!

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  9. Vai acabar a pessoa escolhe o pagar pelo progrma que assiste e não pelo canal em si...

    Que sabe num futuro próximo possamos fazer isto que citei acima?

    Fique com Deus, menino Leo.
    Um abraço.

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  10. Dani, vc comentou a edição do BBB: totalmente de acordo com o que vc disse. É extraordinária! O editor é o Rodrigo Dourado, um ás no Avid e boagentíssima pessoa.

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  11. A frase de Fellini é manjada, mas dá pra repetir: 'a televisão é um eletrodoméstico"

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