sexta-feira, 5 de março de 2010

Blogueando no Dossiê Alex Primo


Algumas pessoas, sabendo da minha paixão pelos livros e pela tecnologia, têm me perguntado sobre os leitores eletrônicos.

Como ainda não tive acesso ao Kindle os seus semelhantes, nunca consegui passar das informações básicas, tais como a comodidade de carregar enormes quantidades de livros, a facilidade da leitura e navegação, a tecnologia da "tinta eletrônica" (que não cansa a vista) e por aí vai.

Blogueando no Dossiê Alex Primo, dei de cara com um testemunhal de uso do Kindle. Como achei interessante, compartilho com vocês.

Mesmo sabendo que o iPad seria lançado nas semanas seguintes, decidi voltar com um Kindle na bagagem de uma recente viagem aos Estados Unidos. E já posso confirmar: estou muito satisfeito com esse charmoso leitor de e-books.

Em julho eu tinha testado o e-reader da Sony, mas não tinha ficado impressionado. Sim, a tecnologia do e-ink realmente me fascinou, mas o pequeno aparato japonês não despertou meus instintos consumistas. A interface, tanto de hardware quanto de software, se mostraram espartanas demais e de usabilidade ruim.

A sensação de manusear um Kindle pela primeira vez é muito diferente. A Amazon conseguiu alcançar aquele tipo de satisfação à primeira vista que apenas a Apple parecia saber despertar. O aparelho é realmente fino, bonito e muito leve. Agora, para descrever a qualidade da tela basta relatar esta surpresa inicial. Assim que tirei o Kindle da caixa vi que na tela havia umas instruções básicas de como ligar o aparelho. Achei que era um adesivo, como aqueles que normalmente vem grudados em dispositivos digitais. Mas eu estava errado. Não se tratava de uma película com desenhos e ilustrações muito bem impressos: era a própria tela e-ink que já vinha em modo standby. Foi assim que descobri que o Kindle nunca desliga totalmente. Ele fica sempre com uma linda ilustração randômica quando você usa o botão superior para desativá-lo (que na verdade coloca-o em modo "hibernação").

Os botões do Kindle são muito fáceis de ser acessados, pois situam-se em sua lateral. Por outro lado, o tecladinho para tomar notas e buscar livros na loja virtual é muito ruim de ser usado. Mas em um próximo post farei uma análise detalhada da interface e usabilidade.

O que quero destacar é o prazer de ler no Kindle. Como a tela não é iluminada por trás (o que exige boas condições de iluminação do ambiente) e tendo em vista a altíssima qualidade dos textos exibidos na tela (saiba mais sobre a tecnologia e-ink), o Kindle revela-se uma aparelho perfeito para longas leituras. Sendo assim, se você é um leitor voraz, você precisa ter um Kindle. É bem verdade que o aparelho é caro (ainda mais se você importá-lo legalmente no site da Amazon). Para ele se pagar você precisa ler muito e aproveitar os descontos das versões online. Mas corra, algumas editoras querem aumentar os preços dos e-books, apesar dos protestos da Amazon.

Logo que recebi o Kindle, comprei uns livros e assinei revistas e jornais (a Amazon oferece 14 dias gratuitos). Além disso, baixei umas "amostras" de livros, disponíveis para se conhecer um pouco da obra antes de comprá-la. O processo de compra e assinatura de periódicos é rápido e fácil. Os arquivos digitais são rapidamente baixados via rede de celular (cujos custos são pagos pela própria Amazon).

Enquanto a leitura de livros só merece elogios, a assinatura de revistas e jornais é um caso à parte. As edições dos jornais O Globo e New York Times (que estou pagando pela assinatura), assim como as do jornal Zero Hora e revistas Time e PC Magazine que testei, trazem uma ou outra imagem em preto e branco. Ou seja, elas são constituídas basicamente de texto. É como você estivesse recebendo apenas metade das informações.

As edições dos jornais normalmente chegam cedinho. Confesso que é bom ler bons colunistas sem ter de abrir enormes folhas de papel jornal. Esse tipo de interface digital adequa-se muito bem à leitura na mesa do café, em aviões e ônibus. Além disso, é ótimo para ler deitado na rede! Por outro lado, a navegação pelos periódicos usando os botões e o pequeno joystick do Kindle é mais trabalhosa. Seria muito bom ter uma tela sensível ao toque (como este leitor da Sony). Mesmo assim, por enquanto vou mantendo minha assinatura digital do Globo. Espero que a Folha lance sua versão para Kindle em breve. Em todo caso, a falta de imagens é um fator que decepciona este blogueiro que insiste em pagar por conteúdo(!). Quanto a isso, algumas reflexões.
Por que assinar o New York Times se é possível lê-lo gratuitamente na web? Apenas pela comodidade de lê-lo no Kindle. Mesmo assim, o alto preço não compensa. Neste mês já estou cancelando minha assinatura daquele prestigioso jornal. Quem sabe eu volte a assiná-lo no ano que vem, quando seu conteúdo gratuito será podado na web. E talvez eu continue assinando algum grande jornal brasileiro (os jornais gaúchos são dureza!), para poder ler bons colunistas assim que acordo. De toda forma, tenho consciência que o Kindle é para livros, não para periódicos.

É aí que entro no tema que dá título ao post (apenas agora?!!!). A tela multi-touch do iPad, suas cores vibrantes e a excelente usabilidade serão excelentes para a navegação pelo conteúdo fragmentário de jornais online e para a leitura de revistas muito ilustradas. O Kindle não poderá concorrer. Talvez uma versão nova com a esperada tela e-ink colorida sensível ao toque possa ser tentadora. Mas não acredito que a Amazon consiga vencer nesse terreno.

Por outro lado, o Kindle ainda é imbatível no mercado de livros digitais, que exigem horas de leitura. Ainda que a Amazon esteja testando um browser para o Kindle, a navegação em puro texto em preto e branco é risível. Apesar da ameaça que a Apple representa, a Amazon precisa investir naquilo que ela faz bem: vender livros e oferecer um excelente leitor de e-books. Talvez o iPad não seja o mesmo sucesso que o iPhone. Talvez esse terceiro dispositivo, que situa-se entre um netbook e um iPod Touch, não consiga convencer os consumidores que eles precisam de mais um aparato em suas mochilhas. A única certeza que temos é que a briga será boa.
Em resumo: estou muito satisfeito com meu Kindle. Não acredito que o iPad e a iTunes Store consigam vencer a Amazon na área de livros. Por outro lado, o Kindle vai parecer muito, muito velho para a leitura de periódicos. Será que existe espaço para dois vencedores? A Amazon está arriscando muito em tecnologia, onde a Apple é rainha, botando sua loja de livros em perigo? Será que o iPad será uma promessa que não vai convencer? Os consumidores que viverem verão.

3 comentários:

  1. Olá...

    ja sabia desta tecnologia, mas não tinha nenhuma atração por ela, achava , legal, adoro andar com um livro na mão. Mas meu querido, com este post você me convenceu que é D+... até quero um Kindle .rs

    Beijos

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  2. Como é bom ter amigos leitores hiperativos!
    Gostei muito da novidade(pelo menos pra mim).
    Beijos,amigo!

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  3. Uma coisa que com certeza não vai dar pra fazer com o Kindle, é matar aquela barata nojenta que rapidamente executamos com um jornal.

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