sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Blogueando no Dossiê Alex Primo



Um dos maiores sucessos atuais na internet, é o perfil criado pelo apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner.

Comprovadamente real, ele interage mostrando uma simplicidade e descontração que nunca imaginaríamos ver no sério apresentador do JN.


Dando uma surfada por aí, achei esse post do blog Dossiê Alex Primo e achei muito interessante a abordagem do tema sobre a visão do que é fake e do que é real.

Confira na íntegra e depois dê uma "zapeada" no blog do Alex, pois vale a pena.


William Bonner passou a ser notícia. Tornou-se o novo "queridinho" da twittosfera brasileira. Seu número de seguidores não para de crescer. Apesar da seriedade que apresenta no Jornal Nacional e em entrevistas que concede, descobre-se que Bonner tem bom humor e que gosta de twittar.


Essa recente descoberta das interações no ciberespaço (ele confessa que nunca gostou de mídias sociais) vem sendo motivo de inúmeras matérias em jornais e sites noticiosos. Além disso, Bonner foi entrevistado no programa de Marília Gabriela, que buscou mostrar o lado "mais humano" do jornalista.


Mas cabe agora perguntar: quão real é o perfil @realwbonner? Durante o programa de Marília Gabriela foi possível constatar que Bonner pode ser divertido, que sabe fazer imitações e canta razoavelmente bem (arriscou dois versos de New York, New York). Mas também descobrimos que seu nome real é William Bonemer Júnior. O sobrenome Bonner foi criado por ele assim que chegou na Globo, para proteger o nome de seu pai, um médico conhecido. Como se vê, desde os primeiros passos no telejornalismo ele já se mostrava consciente do papel público que desempenharia. Podemos então ampliar nossa pergunta: Quanto de Bonemer existe (ou resiste) em Bonner?


William Bonner é um personagem, que Bonemer Júnior sabe desempenhar muito bem. Por mais que se esforçasse em provar que é uma pessoa comum durante a entrevista à Marília Gabriela, o super-ego Bonner rapidamente tomava as rédeas de Bonemer. Quando falou de seu amor por Fátima Bernardes (cujo nome era quase sempre acompanhado do sobrenome), parecia estar recitando um texto lido em um teleprompter. A naturalidade em algumas falas logo dava lugar ao personagem institucional.

Vida dura essa de celebridade. Como homem público, editor e apresentador do principal telejornal do país, William Bonner sabe da responsabilidade que carrega em seus ombros. Sabe que sua vida "íntima" é fonte de curiosidade do grande público. E quando a expõe, faz com todo o cuidado. As matérias sobre sua família feliz e perfeita estampam capas da revista Caras. Não há um fio de cabelo fora do lugar, um copo sujo esquecido na mesa auxiliar. Todos sorriem e celebram a vida de uma família de propaganda de margarina.

Bonner diz na entrevista que toma cuidados no trânsito, pois sabe que uma buzinada sua pode parar em sites de fofocas. E celebra que foi elogiado em tablóides online ao pacientemente esperar que um taxista movesse seu veículo para que ele pudesse manobrar. William é plenamente consciente que seu personagem Bonner precisa ser atualizado a todo momento, que a idolatria que desperta é importante para sua carreira e para a TV Globo. Sabe cultivar essa estrela e conhece bem como lucrar com isso.

Até mesmo a imitação de Lula no programa de Marília Gabriela é precisamente planejada. Recusa-se a imitar Clodovil, mesmo que o faça em outros momentos. Sabe que o vídeo vazado na rede com essa imitação poderia ter arranhado sua credibilidade. Bonner percebe que esse novo momento em sua carreira é importante. Arrisca momentos descontraídos durante a entrevista e ensaia algum "charminho" ao falsamente recusar cantar e fazer imitações no programa. Claro, logo em seguida (segundos depois) concede uma pitada de Bonemer.

William, o Bonner, sabe da importância das celebridades na cultura contemporânea. Conta com entusiasmo que esbarrou em Paul McCartney em uma rua americana. Confessa que virou-se maravilhado e lamenta não ter tirado uma foto. A partir desse exemplo prosaico revela ser consciente do papel de estrela que desempenha, da importância disso para sua atuação profissional e que sabe muito bem administrar o personagem.

Bonemer é hoje aprisionado por Bonner. O primeiro se mostra no privado. O segundo é cultivado publicamente. E @realwbonner é real? Sim, um bonner absolutamente real...enquanto personagem no virtual. William sabe muito bem que os internautas não querem conhecer Bonemer. O que importa é a aura de (pseudo) autenticidade que é gerida profissionalmente por William. A informalidade presente em seus tweets são investimentos no produto Bonner. Parece que essa mercadoria ganhou novo valor na prateleira da mídia massiva.

Um comentário:

  1. Incrível, incrível, incrível esse texto produzido pelo Alex! Mostra com total perfeição a vida chata e metódica que leva o Bonemer, escravo de Bonner.

    Pessoas sonham em ser Bonner? Muitos sonham. Afinal, felicidade não se discute... desse camarada eu só queria o salário todo mês, e nada mais, rsrsrs.

    De qualquer modo, parabenizo Bonner pela seriedade como leva a vida que escolheu. Serve de exemplo e de parâmetro de quem sabe o que quer e o faz com extrema perfeição e disciplina. Profissionalmente, um homem de sucesso indiscutível. Na fábrica da Coca-cola tinha uma placa, na qual me inspiro, dizendo: Nossa missão é oferecer um produto que ofereça 100% de satisfação ao consumidor.

    Quem busca os 100%, como Bonner fez, será um vencedor. Quem se contenta com 99% já está derrotado.

    Grande abraço, meu amigo Leo, parabéns por esse excelente post!

    Adriano
    http://nanoberger.blogspot.com

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