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terça-feira, 1 de dezembro de 2009
COLUNA DA ROUGE-PASÁRGADA
Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Um poema surreal, que implica a fala como identidade no texto literário.
Pasárgada trata-se de um reino imaginário e concomitantemente uma concepção de real que contrapunha a realidade triste de Bandeira,um poeta que sofria de uma sérios problemas de saúde a ao sentir a vida se esvaindo,exprimia seu sofrimento na escrita.
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
O “eu-lírico” utiliza o espaço das memórias dos seus sonhos de criança para revelar seu anseio de liberdade e satisfação.
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
A vontade de inconseqüência inerente ao ser humano é expressa através de uma linguagem imagética,utilizando como pano de fundo a fantasia.
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Este poema foi escrito na década de 1930, no 2º momento do Modernismo literário brasileiro, onde as mudanças nas quais o país passou, se apresentaram na literatura em forma de desabafo, e nesse caso um “desabafo utópico”.
Invente,descubra a sua Paságarda!
Abraços!
Rouge Cerise
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Mas tem algumas parte novas, pois não lembro da parte e ginastica, apesar de encaixar na parte de cada faz a tua mítica e prazerosa Pasárgada...
ResponderExcluirFique com Menina Rouge Cerise / Carol Sakurá.
Um abraço.
Leo, eu já tinha lido este poema em sala de aula.
ResponderExcluirÉ simplesmente MARAVILHOSO.
Eu queria que existisse um lugar como esse..rs
Abraços...
Esse poema é maravilhoso.
ResponderExcluirGostaria de partir para Pasárgada...se alguém souber o caminho, favor avisar.
Bjs
Nunca tinha lido esse poema antes. Em tempos de mudança a vontade que da e a de criar um mundo e viver dentro dele :D
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