Pensando um pouco sobre o modo de vida moderno, percebemos o quanto as pessoas tendem a sentir um vazio e um certo desconforto com o desenrolar de suas vidas.
Parece que nada nos basta e que sempre falta algo para conquistarmos.
Lembrei-me de um trecho do livro de Ítalo Calvino, que reproduzo abaixo:
AS CIDADES E AS TROCAS
Ao entrar no território que tem Eutrópia como capital, o viajante não vê uma das muitas cidades, todas do mesmo tamanho e não dessemelhantes entre si, espalhadas por um vasto e ondulado planalto. Eutrópia não é apenas uma dessas cidades mas todas juntas; somente uma é habitada, as outras são desertas; e isso se dá por turnos.
Explico de que maneira. No dia em que os habitantes de Eutrópia se sentem acometidos pelo tédio e ninguém mais suporta o próprio trabalho, os parentes, a casa e a rua, os débitos, as pessoas que devem cumprimentar ou que os cumprimentam, nesse momento todos os cidadãos decidem deslocar-se para a cidade vizinha que está ali à espera, vazia e como se fosse nova, onde cada um escolherá um outro trabalho, uma outra mulher, verá outras paisagens ao abrir as janelas, passará as noites com outros passatempos amizades impropérios.
Assim as suas vidas se renovam de mudança em mudança, através de cidades que pela exposição ou pela pendência ou pelos cursos de água ou pelos ventos apresentam-se com alguma diferença entre si.
Uma vez que a sua sociedade é organizada sem grandes diferenças de riqueza ou de autoridade, as passagens de uma função para a outra ocorrem quase sem atritos; a variedade é assegurada pelas múltiplas incumbências, tantas que no espaço de uma vida raramente retomam para um trabalho que já lhes pertenceu.
Deste modo a cidade repete uma vida idêntica deslocando-se para cima e para baixo em seu tabuleiro vazio. Os habitantes voltam a recitar as mesmas cenas com atores diferentes, contam as mesmas anedotas com diferentes combinações de palavras; escancaram as bocas alternadamente com bocejos iguais. Única entre todas as cidades do império, Eutrópia permanece idêntica a si mesma. Mercúrio, deus dos volúveis, patrono da cidade, cumpriu esse ambíguo milagre.
Calvino, I. As cidades invisíveis. Companhia das Letras, 1990 [Le città invisibili, 1972]
Mas não conseguimos trocar de vida, portanto temos de fazer valer a vida que levamos, tentando smpre buscar a felicidade em meio ao nosso dia.
ResponderExcluirFique com Deus, menino Leo.
Um abraço.
Eutrópia não é Pasárgada.
ResponderExcluirDevemos aprender a contar nossos dias e vivê-los de modo a alcançar um coração sábio.
Abs!
Se as pessoas em vez de simplesmente só alcançar as coisas que buscam, pensasem em viver as coisas que buscam com certeza seriam mais cheias de satisfação. Muitas vezes o que procuramos não é o que queremos e sim o que nos impoem e ai que mora o perigo, porque voce não terá essa satisfação. abraço.
ResponderExcluirSaudações do Gremista Fanático
Linda reflexão, o melhor é sempre achar o equilíbrio na vida, encontrar felicidade nos momentos simples. Abraço
ResponderExcluirMe senti parte desse texto q tu sitou, pq vou mudar de pais final de janeiroo!
ResponderExcluirincrivel como algumas palavras de outras pessoas sao exatamente iguais a alguns momentos da nossa vida!
Eu acho...
ResponderExcluirQue essa vida "moderna" é uma utopia e pelo consumismo vamos nos consumindo.Tentando preencher vazios com novas metas, planos interesses e amizades como se tudo tivesse um prazo de validade,e vamos comprando a idéia de que precisamos sempre de algo, enquanto a mente continua sempre a mesma, acho que é por isso essa sensação de que nada muda.
Excellent way of describing, and good paragraph
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