quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010!

Queridos Argonautas!

Último post do ano. Nada de falar de política, mídia, literatura, cinema e tantos outros assuntos que por aqui são discutidos e debatidos.

Em primeiro lugar gostaria de agradecer pelo apoio recebido e pelos novos amigos formados aqui pelo espaço virtual (Carol Sakurá, Adriano, Sofie, Daniel Sávio e tantos outros).

O Blog do Argônio começou como um espaço no qual eu pudesse comentar sobre os mais diversos assuntos. Neste ano de 2009, o segundo de sua existência, mostrou que o Argônio tornou muito mais do que isso. Transformou-se em um espaço público virtual e dessa maneira, pudemos debater, refletir e nos divertir.

Que o ano de 2010 seja repleto de realização, saúde e sucesso para todos nós!
E que todos os Argonautas possam continuar marcando presença aqui nesse espaço que pertence a todos nós.

Feliz 2010!!!!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Maracanã estrelado


Final de ano, época de tradições que não devem ser quebradas. Natal em família, pernil, rabanadas, presentes e... Jogo das Estrelas.

Sim. Na época de repensar o que foi o ano que se encerra e projetar o que virá, nada melhor do que reunir a família e acompanhar de perto o maior jogador rubro-negro de todos os tempos: ZICO!

Se ele estiver acompanhado do Gênio da grande área (Romário), Imperador (Adriano) e muitos outros craques (Júnior, Andrade, Adílio etc.), muito melhor.

Assim sendo, compareci novamente ao espetáculo. Maracanã lotado com mais de 72 mil pessoas (um dos dez maiores públicos do campeonato brasileiro), festa, calor, sol e ZICO!

O Rei continua aprontado das suas. Ainda que sem a mesma forma física e a idade teimando em mostrar seus sinais, ZICO continua desfilando sua genialidade e sua classe pelo gramado do seu maior palco. Maracanã combina com ZICO e vice-versa.

Agradeço sempre a Deus por tê-lo visto em atividade e agradeço as oportunidades anuais de estar um pouco mais perto e poder aproveitar o baile de gala.

Para quem nunca foi, não deixe de comparecer no ano que vem. Além de ajudar ao próximo (a renda é revertida para ações sociais), terá a oportunidade de acompanhar o verdadeiro futebol-arte, deixado um pouco de lado nessa competitividade e profissionalismo de hoje em dia.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Coluna da Rouge-Poetizando 2010


Olá,Argonautas!

É com muita alegria que estamos finalizando o dezembro literário na coluna da Rouge.
Com as proximidades do final de ano,não podemos deixar de refletir e agradecer sobre o que passou de bom e plantar as flores de 2010.
Agradeço ao amigo Léo Lagden pelo convite a esta pequena Rouge para escrever neste blog,que na verdade é um universo argônico,e a cada um de vocês leitores que participaram com deliciosos comentários.
Fechando com chave de ouro o ano de 2009, o poeta predileto,amado,querido,(ai..ai) desta escriba:Mário Quintana.

Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
(Mário Quintana por ele mesmo)


DATA E DEDICATÓRIA

Teus poemas, não os dates nunca... Um poema
Não pertence ao Tempo... Em seu país estranho,
Se existe hora, é sempre a hora estrema
Quando o anjo Azrael nos estende ao sedento
Lábio o cálice inextinguível...
Um poema é de sempre, Poeta:
O que tu fazes hoje é o mesmo poema
Que fizeste em menino,
É o mesmo que,
Depois que tu te fores,
Alguém lerá baixinho e comovidamente,
A vivê-lo de novo...
A esse alguém,
Que talvez ainda nem tenha nascido,
Dedica, pois, os teus poemas.
Não os dates, porém:
As almas não entendem disso...



Mário Quintana

Do livro: "Baú de Espantos", 4ª ed., Editora Globo, SP



Poetize...poetize...poetize!

Um feliz 2010 a todos!

Beijos!

Rouge Cerise

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Apelo às trevas

Alçado ao estrelato após ter tido seu maior sucesso (Sobre meninos e lobos) filmado por Clint Eastwood, Dennis Lehane teve vários de seus livros anteriores publicados no Brasil.
Lehane nasceu em um subúrbio pobre de Boston, mais precisamente em Dorchester. A maioria de suas obras são ambientadas neste local, o qual ele conhece como ninguém e por isso expõe todos os problemas que atormentam o local.
Apelo às trevas é o segundo livro do escritor protagonizada pela dupla de detetives particulares Angela Gennaro e Patrick Kenzie, que apareceram pela primeira vez em Um drink antes da guerra.
Neste romance, Kenzie e Angie são contratados por uma psiquiatra de Boston, que passa a ser ameaçada sem aparente motivo. Começa então uma intrincada investigação, que levam a dupla de detetives a se envolverem com misteriosos assassinatos. Ao final da aventura, a vida dois nunca mais será a mesma.
Com seus estilo de narrativa veloz e empolgante, Lehane se firmou como o mais influente escritor policial da atualidade.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Argônio Awards 2009


Final de ano e é chegada a hora de conhecer os melhores do ano em algumas áreas.
Sem muito papo, vamos para os eleitos do Argônio:
Livro: Uma gota de sangue - Demétrio Magnoli
Seleção do campeonato brasileiro: Vitor (Grêmio), Jonathan (Cruzeiro), Álvaro (Flamengo), Réver (Grêmio), Júlio César (Goiás), Maldonado (Flamengo), Léo Gago (Avaí), Petkovic (Flamengo), Conca (Fluminense), Adriano (Flamengo) e Diego Tardelli (Atlético MG).
Técnico: Andrade (Flamengo)
Aguardo a opinião dos caros Argonautas, inclusive em outras categorias.
Conforme forem aparecendo novas categorias, coloco a minha opinião nos comentários.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Democracia em risco


A democracia tão consolidade no mundo de hoje em dia, não encontra muitos opositores. Tirando um país aqui ou acolá, todos concordam com sua importância para o mundo globalizado.
O que as pessoas não percebem é que a falta de engajamento ou envolvimento político pode acabar afetando a estabilidade das democracias.
Veja o que pensa sobre o assunto os teóricos Henry Giroux e Susan Giroux sobre esse assunto:
"A democracia está em perigo quando os indivíduos são incapazes de traduzir sua miséria privada em preocupações e ação coletiva. Como as corporações multinacionais moldam cada vez mais os conteúdos da maior parte da grande mídia, privatizando o espaço público, o engajamento cívico parece cada vez mais impotente e os valores públicos se tornam invisíveis. Para muitas pessoas hoje em dia, a cidadania foi reduzida ao ato de comprar e vender mercadorias (incluindo candidatos), em vez de aumentar o escopo de suas liberdades e direitos a fim de ampliar as operações de uma democracia substancial."
Pare para pensar e avalie a sua participação na vida política do país.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal Argônico


Pare!
Dispa-se das tradições. Esqueça os rituais. Não dê bola para o consumo.
Não se entregue ao "espírito natalino" apresentado e alimentado pela grande mídia.
Não espere o Papai Noel e seus significados mundanos.
Agora pense no real significado do Natal.
Pense no bem que podemos fazer e que, às vezes, fica em segundo plano.
Interiorize o verdadeiro significado desta data!
Agore comemore o Natal com aqueles que você ama e que todos possam ter a verdadeira paz de espírito.
Feliz Natal!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Preparativos de Carnaval


Fim de ano e os preparativos para o Carnaval 2010 começam a tomar forma.
Samba-enredos escolhidos, barracões a todo vapor e as comunidades apertando o ritmo dos ensaios.

Para quem me conhece pouco, deve estranhar um amante do bom e velho rock e heavy metal estar falando de carnaval. Contudo, este é um traço de minha personalidade. Sou eclético. Gosto sim, de samba enredo (não confundir com pagodes e afins).

Além disso, gosto particularmente daquelas escolas de samba que homenageam grandes personalidades do país. Neste quesito, incluo e dou os parabéns à Vila Isabel e ao Império Serrano. A escola de Madureira irá homenagear João do Rio (clique aqui e conheça um pouco mais sobre ele), enquanto a tradicional azul e branco da Vila, irá cantar em versos o seu maior expoente: Noel Rosa.

Por falar em Vila Isabel, o samba enredo composto por Martinho da Vila é um primor e já entrou para o rol dos melhores sambas dos últimos tempos. Cara de samba, letra de samba e cadência de samba...
Veja a letra e clique aqui para escutar o samba.
Compositor: Martinho da Vila
Intérprete: Wantuir
Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel?
Com toda minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu
Seu sambas muito curti
Com a cabeça ao léu
Sua presença senti
No ar de Vila Isabel
Com o sedutor não bebi
Nem fui com ele ao bordel
Mas sei que está presente
Com a gente nesse laurel
Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da revolta da chibata
A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceito sociais
Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou ô ô ô
Que enorme dissabor
Foi-se o nosso professor
A Lindaura soluçou
E a dama do cabaré não dançou
Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval
Também presentes Cartola
E o Bando dos Tangarás
Lamartine, Ismael, Aracy e outros mais
E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel
Tem a energia da nossa Vila Isabel

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

COLUNA DA ROUGE--CELEBRAÇÃO DO AMOR


Olá!

Com a proximidade da celebração do Natal,nosso corações ficam mais quebrantados e consequentemente somos levados a reflexão sobre o amor e a comunhão.

O pensamento é uma dádiva,sendo assim,nessa campanha de dezembro literário apresento o teólogo e filósofo,um dos prediletos desta humilde escriba:

Santo Agostinho

"Como pode alegrar-se convenientemente quem não ama o bem de onde procede a alegria? Como se pode ter verdadeira paz, senão com aquele a quem, verdadeiramente se ama? Como se pode perseverar no bem com longanimidade se não se ama com intensidade? Quem pode ser benigno se não ama aquela a quem corre? Quem pode ser bom se não se torna bem pela prática do amor? Quem pode ter uma fé efetiva se a caridade não faz que a mesma se acompanhe de obras? Quem pode ser utilmente manso, se o amor não moderar a ira? Quem pode conter-se e não praticar a torpeza se a caridade não o levar a amar a honestidade?

Razão tinha o bem Mestre para encarecer tanto a caridade como se fosse o seu único mandamento. Sem a caridade os outros bens não são proveitosos. Mas a caridade, por sua vez, não pode existir sem os outros bens, pelos quais o homem se torna bom."


COMENTÁRIO AO EVANGELHO DE SÃO JOÃO(P.L. 3, 1851-1853)/Santo Agostinho

Que neste Natal possamos desfrutar o presente simples,mas eterno.Aquele que só pode existir quando é compartilhado,o AMOR.
Para exercer o amor,que tal doar um livro?

Um Feliz Natal a todos!

p.s:Em especial,desejo um lindo natal ao amigo Léo Lagden e família.Obrigada por partilhar o presente da amizade!

Abraços!

Rouge Cerise

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Stupid White Men – Uma Nação de Idiotas


“Faço não ficção em um país que numa eleição fictícia elegeu um presidente fictício que nos mandou pra uma guerra fictícia. Tenha vergonha, Mr. Bush.”. Com esse discurso em cadeia mundial, Michael Moore recebeu o Oscar de melhor documentário por Tiros em Columbine, no ano de 2002.
Michael Moore é um escritor e roteirista americano que sempre investiu na polêmica em sua carreira. Nascido e criado em um bairro pobre, sempre foi uma voz a se levantar contra a corrida armamentista e os altos índices de desemprego em seu país.
Após a primeira vitória de George W. Bush a presidência dos Estados Unidos, Moore voltou seu “arsenal” para a Casa Branca.
Em Stupid White Men, Moore levanta dados e suspeitas em relação a uma possível fraude nas eleições americanas. Enumera quem é quem nos principais cargos do alto escalão e denuncia o descaso como são tratados os pobres e desempregados.
Este principal crítico do governo americano virou um sucesso literário ao ter atingido a marca impressionante de mais de 6 milhões de livros vendidos.
Este livro foi escrito às vésperas dos atentados terroristas em 11 de setembro. Curiosamente tinha sua data de lançamento marcado para o dia dos ataques das torres gêmeas. Foi adiado e sua editora queria que fosse revistas partes que consideravam ofensivas para o país, após os acontecimentos. Como se recusou, Moore entrou em uma batalha e conseguiu ver seu livro ser lançado na íntegra em fevereiro de 2002.
Alguns trechos deste livro foram usados como fonte para o documentário Fahrenheit 9/11.
Uma boa oportunidade para se conhecer a fundo a história do gigante americano e desmistificar a super potência. Tomamos contato com histórias de corrupção, desemprego, descaso com a população e outras mazelas típicas de Terceiro Mundo.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Blogueando no Blog do Ozaí

Dando aquela navegada para descobrir e ler sobre assuntos interessantes, encontrei o texto do professor Antônio Ozaí do Silva, que mantém o excelente Blog do Ozaí (link ao lado, nos blogs preferidos).

A reflexão sobre Mídia e Corpo é excelente e vale a pena dar uma lida.

Destaco o começo do artigo, mas confira na íntegra clicando no link ao final do post:

"Em que medida a mídia influencia a nossa concepção sobre o corpo? É difícil responder com absoluta segurança. Até porque a relação não é de via única. Devemos também considerar que o receptor da mensagem veiculada pela grande mídia não é um ser acéfalo e reduzido à passividade. "

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Doce ou travessura






Doce ou travessura?
Halloween atrasado
Ele quer travessura
Ela insiste em ser doce


Ele sai para o almoço
Entra em cena a tigresa
Ele quer um doce
Ela insiste em travessura


Volta para a sala
Calor insuportável
Ele quer travessura
Ela insiste em ser travessa


Abre os olhos
Finalmente os desejos se equivalem
Doce e travessura
Em um só momento

(Marquês de Sórdido)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Blogueando no Saindo da Matrix


Como os Argonautas que voltam aqui periodicamente sabem, gosto muito de passear pelas infovias da comunicação (conhecida como internet) e garimpar o que rola de interessante, principalmente pela Blogosfera.
Com o intuito de apresentar as boas idéias e bons textos encontrados, criei a série Blogueando. Através dela, posso transmitir a quem frequenta esse espaço o que considero de mais interessante que está sendo postado diariamente.

Tem um blog que sigo e acho muito interessante que é o Saindo da Matrix.

Encontrei nele uma resenha sobre o filme Distrito 9, que vale a pena dar uma lida.

Clique aqui para ler a resenha do Saindo da Matrix.

Clique aqui para ler a resenha que postei no Blog do Argônio sobre o mesmo filme.

Clique aqui para conhecer a série Blogueando.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Blogueando no Café Filosófico


Os Argonautas que por aqui passam de vez em quando, já devem ter percebido a admiração que sinto pelo sociólogo polonês Zygmutn Bauman.
Some-se a isso um programa de TV bem pensado e editado, como o Café Filosófico (raridade nos dias de hoje e exibido pela TV Cultura).
Garimpei no blog do Café uma entrevista com o o professor Luiz Felipe Pondé, na qual ele analisa o mundo pós-moderno e a interpretação de Bauman sobre o assunto.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Calvino e as cidades perdidas


Pensando um pouco sobre o modo de vida moderno, percebemos o quanto as pessoas tendem a sentir um vazio e um certo desconforto com o desenrolar de suas vidas.
Parece que nada nos basta e que sempre falta algo para conquistarmos.
Lembrei-me de um trecho do livro de Ítalo Calvino, que reproduzo abaixo:
AS CIDADES E AS TROCAS
Ao entrar no território que tem Eutrópia como capital, o viajante não vê uma das muitas cidades, todas do mesmo ta­manho e não dessemelhantes entre si, espalhadas por um vasto e ondulado planalto. Eutrópia não é apenas uma dessas cida­des mas todas juntas; somente uma é habitada, as outras são desertas; e isso se dá por turnos.
Explico de que maneira. No dia em que os habitantes de Eutrópia se sentem acometidos pelo tédio e ninguém mais suporta o próprio trabalho, os pa­rentes, a casa e a rua, os débitos, as pessoas que devem cum­primentar ou que os cumprimentam, nesse momento todos os cidadãos decidem deslocar-se para a cidade vizinha que está ali à espera, vazia e como se fosse nova, onde cada um esco­lherá um outro trabalho, uma outra mulher, verá outras paisa­gens ao abrir as janelas, passará as noites com outros passa­tempos amizades impropérios.
Assim as suas vidas se renovam de mudança em mudança, através de cidades que pela exposição ou pela pendência ou pelos cursos de água ou pelos ven­tos apresentam-se com alguma diferença entre si.
Uma vez que a sua sociedade é organizada sem grandes diferenças de rique­za ou de autoridade, as passagens de uma função para a outra ocorrem quase sem atritos; a variedade é assegurada pelas múl­tiplas incumbências, tantas que no espaço de uma vida rara­mente retomam para um trabalho que já lhes pertenceu.
Deste modo a cidade repete uma vida idêntica deslocan­do-se para cima e para baixo em seu tabuleiro vazio. Os habi­tantes voltam a recitar as mesmas cenas com atores diferentes, contam as mesmas anedotas com diferentes combinações de palavras; escancaram as bocas alternadamente com bocejos iguais. Única entre todas as cidades do império, Eutrópia permanece idêntica a si mesma. Mercúrio, deus dos volúveis, pa­trono da cidade, cumpriu esse ambíguo milagre.
Calvino, I. As cidades invisíveis. Companhia das Letras, 1990 [Le città invisibili, 1972]

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Coluna da Rouge--O chão é cama!


Olá!

Seguindo a nossa epopéia literária no mês de dezembro,deleitaremos hoje em Carlos Drummond de Andrade.

Mineiro de Itabira,tem com a marca protuberante da busca pela comunicação em sua poesia.

Um poema da fase erótica de Drumond(1973) e o meu predileto.

Desvirtue e saboreie!

O chão é cama

O Chão é Cama para o Amor Urgente
O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama.

Carlos Drummond de Andrade, in 'O Amor Natural'


Beijos !

Rouge Cerise

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A grande arte

O Brasil estava saindo de um período de quase 20 anos de ditadura. A abertura era lenta e gradual, como afirmara os generais que estavam no comando do país desde o golpe de 1964. Rubem Fonseca, no ano de 1983, com extrema coragem, lançou o seu segundo livro A grande arte. Tratando de assuntos polêmicos como a violência nas grandes cidades e prostituição, Fonseca não deu bola ao regime ditatorial e seguiu em frente.
Rubem Fonseca, um mineiro de Juiz de Fora e nascido no ano de 1925, se formou em Direito. Porém no ano de 1952, entrou para a Polícia trabalhando como Comissário no Distrito policial de São Cristóvão. Após longo tempo atuando nos gabinetes da polícia, estudou um tempo nos Estados Unidos. Saiu da polícia e começou a trabalhar na Light e se envolver com a Literatura. Autor de inúmeros clássicos da literatura brasileira, Fonseca já foi agraciado com diversos prêmios literários, inclusive o prêmio Jabuti pela A grande arte.
O romance publicado em 1983, nos trás a história do advogado Mandrake, que se vê envolvido no caso de um serial killer que atua nas ruas do Rio de Janeiro, matando mulheres e deixando uma peculiar assinatura nos rostos das vítimas: uma letra P marcada a faca. Mandrake, com sua vocação para detetive, começa então a investigar os crimes, para poder ajudar um cliente. Cada vez que ele fica mais próximo da verdade, a sua vida vai correndo mais riscos.
Excelente obra da literatura brasileira. Com sua maneira envolvente de escrever, Fonseca vai envolvendo o leitor no que parece ser uma teia. Conforme vai avançando no livro, ele vai emaranhando ainda mais o leitor na sua história. Com pitadas de erotismo e de humor, Fonseca descreve um submundo que poucos sabem da existência. Com sua experiência de vida policial, Rubem Fonseca descreve muito bem o que acontece na noite e nas entranhas do mundo do crime.
Para os leitores que sentem certo preconceito com a literatura brasileira, é uma boa oportunidade de saber que aqui, em terras tupiniquins, também temos livros policiais de qualidade.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Vamos ler?

Aos caros Argonautas que me acompanham neste espaço, já sabem a devoção que tenho pelos livros.
Acredito que somente através deles, poderemos ter um país mais evoluído e mais justo. Livros deveriam fazer parte de gênero de primeira necessidade e seu incentivo junto às escolas de ensino fundamental, obrigatório.

O hábito da leitura deve ser semeado e cultivado durante a mais tenra infância. Tiro pelo meu caso. Agradeço pelo incentivo dado pela minha mãe (leitora voraz), que sempre nos presenteou com revistas em quadrinhos e livros.

Com uma enorme quantidade de livros em casa, comprados com muito sacrifício, já que o dinheiro não sobrava, podemos estar sempre em contato com os livros.

Faço um apelo a todos que por aqui passam, que possam sempre incentivar aos que estão por perto, para adquirir este hábito.

No Blog do Argônio, você pode pesquisar nos links ao lado, sobre livros. Sempre terá alguma dica de leitura.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Vida líquida


O conceito de liquidez na sociedade moderna foi muito bem criada e desenvolvida pelo sociólogo Zygmunt Bauman.
O líquido assume a forma de qualquer recipiente que o contém. Ele não tem forma própria, escorre pelas mãos e tem uma fugacidade incrível.
Sobre esse assunto, ele afirma:
"Líquido-moderna é uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir."
"A vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante"
Veja outros posts sobre Zygmunt Bauman: Clique aqui.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Fuga da realidade

A sociedade hipermoderna é caracterizada pela busca obsessiva pelo consumo e pela satisfação. Com o relógio como o seu pior inimigo, o ser humano fica cada vez mais acuado e as rotas de fuga são cada vez mais utilizadas.
Drogas, álcool, novos empregos e novas famílias são cada vez mais comum na vida atual.

Joseph Brodsky, um filósofo russo-americano disse:

“Vocês ficarão entediados com seu trabalho, seus cônjuges, seus amantes, com a vista de sua janela, a mobília ou o papel de parede do seu quarto, seus pensamentos, com vocês mesmos. Por conseguinte, tentarão imaginar maneiras de fugir. Além dos dispositivos de auto-satisfação mencionados anteriormente, vocês podem assumir novos empregos, residências, empresas, países, climas, podem assumir a promiscuidade, o álcool, viagens, aulas de culinária, drogas, psicanálise... Na verdade, podem juntar tudo isso, e por algum tempo vai parecer que está funcionando. Até o dia, é claro, em que você acorda no seu quarto em meio a uma nova família e outro papel de parede, num estado e num clima diferentes, com uma pilha de contas do agente de viagens e do psicanalista, mas com o mesmo sentimento de fastio em relação à luz do dia que se infiltra pela janela.”
Imagem clara do cachorro correndo atrás do próprio rabo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Youtube e a revolução digital

A internet sempre nos oferece novidades. Alguns sites aparecem e somem com a mesma facilidade. O que é febre hoje, pode cair no ostracismo na semana seguinte.
Remando na contramão dessa tendência, o YouTube é sucesso de público e crítica desde seu lançamento e aquisição pela Google, no ano de 2006.

Após várias remodelações e adequações, o site de compartilhamento de vídeos mais famoso do mundo, acabou por se tornar uma verdadeira rede social.
Local de encontro de uma comunidade, que trocam ideias, críticas e conteúdo, o YouTube foi pouco estudado pelos teóricos da Comunicação.

O livro Youtube e a revolução digital começa a preencher uma lacuna sentida nesse ramo. Com uma extensa pesquisa, os escritores Burgess e Green, falam com propriedade, linguagem simples e recheado de exemplos.

Vale a pena dar uma conferida no livro e no artigo que postei a um tempo atrás. Clique aqui para ver o artigo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Os sete minutos

Um dos maiores e mais polêmicos escritores, o americano Irving Wallace, nascido em 1916, entrou para o rol dos maiores vendedores de livro do século XX. Com uma escrita direta e envolvente, Wallace sempre abordava temas da atualidade e polêmicos. Por isso, ficou conhecido como um criador de casos com a censura e a sociedade americana.
Em Os sete minutos, Wallace destila seu veneno e aborda um tema nevrálgico para os puritanos americanos. Querendo contestar a censura e a livre expressão, ele aponta uma questão controversa a todos: Pode uma obra literária ser culpada pelo comportamento criminoso de um indivíduo?
A história começa com a venda de um suposto livro, considerado o mais obsceno de todos os tempos, entrando até para o Índex da Igreja Católica (lista das obras consideradas proibidas), pois descreve com perfeição as sensações de uma mulher durante o sexo. A partir daí, um criminoso é preso e alega ter sido influenciado pelo livro para cometer um estupro e homicídio. Têm início então, uma feroz batalha jurídica e uma intensa investigação a respeito do caso.
Destaque para o final surpreendente!
Excelente livro e que apesar de ser grande, sustenta o ritmo durante toda a história. Boa oportunidade para os profissionais de Comunicação, pois aborda temas como censura e livre expressão

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Coluna da Rouge--Aula de Matemática



Olá!

Celebrando as delícias do mês de dezembro,a coluna da Rouge será literária até o final do ano.

Amor é sentimento.
É possível uni-lo a exatidão da matemática?
A aula de hoje é com o Mestre Tom Jobim:


Aula de Matemática

Pra que dividir sem raciocinar
Na vida é sempre bom multiplicar
E por A mais B Eu quero demonstrar
Que gosto imensamente de você

Por uma fração infinitesimal,
Você criou um caso de cálculo integral
E para resolver este problema
Eu tenho um teorema banal

Quando dois meios se encontram desaparece a fração
E se achamos a unidade
Está resolvida a questão

Prá finalizar, vamos recordar
Que menos por menos dá mais amor
Se vão as paralelas
Ao infinito se encontrar
Por que demoram tanto os corações a se integrar?
Se infinitamente, incomensuravelmente,
Eu estou perdidamente apaixonado por você.

António Carlos Jobim / Marini Pinto
(1958)


Abraços!

Rouge Cerise

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Projetos


E a saga continua e o mistério aumenta:
Gabriela estava em casa brincando com seus dois filhos, porém sem muita concentração. Aquele telefonema estranho que havia recebido do escritório do seu marido na parte da tarde a havia deixado confusa. Falaram que Fábio tivera que fazer uma viagem urgente para Salvador e que estaria de volta dentro de uma semana.
Por que o próprio marido não telefonou para comunicar? Viagens a negócios não eram muito raras na vida deles, já que Fábio ocupava um cargo de gerência na multinacional de tecnologia e informática, mas uma viagem de emergência sem avisar, já era demais. Pensou em várias hipóteses, até mesmo a de traição, pois o marido andava muito estranho e ausente nos últimos meses. Tentou afastar o pensamento e continuou a brincadeira com os dois filhos. Lucas e João Marcos brincavam de videogame e solicitavam a presença da mãe a cada jogada que cada um fazia durante a partida de futebol virtual.
Clique aqui para saber mais: Projeto

domingo, 6 de dezembro de 2009

Amor Rubro-Negro

Já se passaram mais de 26 anos daquela tarde. Dia ensolarado, típico do verão carioca em janeiro de 1983.

O menino de 7 anos era amante de futebol e sem nenhum time definido. Nenhuma influência na família que o pudesse converter a algum amor imposto. Gostava de futebol e ponto. Flertou com o Grêmio (apesar de carioca), Uruguai e até mesmo com a seleção de Honduras da copa de 1982 (do goleiro Arzu...rs).

Voltando àquela tarde e ao convite recebido do padastro para ir ao Maracanã. Templo sagrado do futebol e palco dos maiores ídolos do esporte bretão o fizeram viajar. Convite feito, convite aceito.

Jogo do Flamengo, início de caminhada no Campeonato Brasileiro. Entrada do estádio. A Nação invadindo. Bons tempos, torcedores comparecendo para torcer, quase nenhuma confusão. A memória sonora se faz presente. O eco das entradas das arquibancadas (estreitas) ainda ressoa.

Arquibancada lotada.Vermelho e preto em toda a sua extensão. Amor à primeira vista. O menino não entendia como passara 7 anos de sua vida vagando por outros flertes. Quando deu por si, a flecha do cupido acertou, sem piedade, o meio de seu coração. Sabia que a partir dali, sua vida seria modificada.
Quando olhou para o gramado, viu Zico, Leandro e Júnior. Além de Raul, Marinho e Lico.
Resultado do jogo? Não importa, a Nação já havia feito o seu papel. Arrebanhou mais um fanático.

Ídolo? Leandro e Júnior. Zico não entra nessa categoria, pois estou falando de ídolos humanos.

O post acima retrata o nascimento de um amor incondicional. Aquele que te acompanha por todas as vidas

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Rancière e a mídia

Em uma excelente entrevista concedida à revista Cult, o filósofo francês Jacques Rancière não se furta de comentar sobre uma infinidade de assuntos começando com política e passando pelo papel da mídia na sociedade contemporânea.

O autor de O espectador emancipado, comenta sobre os mais diversos olhares de espectadores nas mais diversas obras de artes e meios de comunicação. Contudo, deixa de fora o espectador de televisão. Questionado sobre o motivo de deixar de fora a TV, Rancière afirma:

" Há casos em que o espectador está na frente da TV mudando de canal sem prestar atenção ao que está vendo. Eu me preocupei mais com o cinema, as artes plásticas, nos quais uma relação forte do olhar está pressuposta. A TV, de modo geral, não pressupõe um olhar forte, mas um olhar ALIENADO ou DISTRAÍDO."

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cotas e consequências

Um dos temas mais polêmicos da atualidade e ao mesmo tempo pouco discutido pela sociedade, as cotas para minorias ainda suscita muita dúvida sobre sua funcionalidade.
Lendo o livro Uma gota de sangue (Demétrio Magnoli), o leitor é levado a uma reflexão ao se discutir as diversas "ações afirmativas" (cotas) praticadas nos mais variados recantos do planeta.
Uma passagem interessante é quando se fala da Índia. Em um país dividido em castas, as ações afirmativas são praticadas e contestadas por parte da sociedade.
Leia a passagem abaixo e reflita:

" Embora tenha existido pouca crítica pública da ação afirmativa na Índia antes dos anos 1970, as críticas tornaram-se muito mais audíveis com o tempo, ao mesmo tempo em que ocorria uma escalada da violência. Um estudo de 1997 concluiu que o sistema de cotas eliminou qualquer boa vontade que as castas superiores nutrissem pelas inferiores, em parte devido a uma generalizada superestimação da quantidade e eficácia das políticas de preferências."

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Escorpiões e outros bichos

Um pequeno post para saber o quão estranho é esse nosso Brasil.

Está em processo de produção um filme sobre Bruna Surfistinha. A célebre escritora e ex-garota de programa ficou conhecida após lançar o livro "O doce veneno do escorpião", que foi imediatamente alçado a condição de best-seller.
Participação em programas de televisão, palestras, encontro de escritores e demais eventos que reúne os escritores mais badalados do país. Além disso, outros livros lançados versando sobre o mesmo tema e aproveitando essa fama repentina.

O filme sendo gravado seria uma cereja no bolo dessa personalidade brasileira.
Realmente não damos o menor valor aos ídolos que realmente serviriam de exemplo para as futuras gerações.
Mas nada que não nos surpreenda, quando vemos o nível que encontramos na grande mídia e os modelos reverenciados nos dias de hoje.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

COLUNA DA ROUGE-PASÁRGADA





Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira


Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.



Um poema surreal, que implica a fala como identidade no texto literário.
Pasárgada trata-se de um reino imaginário e concomitantemente uma concepção de real que contrapunha a realidade triste de Bandeira,um poeta que sofria de uma sérios problemas de saúde a ao sentir a vida se esvaindo,exprimia seu sofrimento na escrita.

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente


O “eu-lírico” utiliza o espaço das memórias dos seus sonhos de criança para revelar seu anseio de liberdade e satisfação.

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo


A vontade de inconseqüência inerente ao ser humano é expressa através de uma linguagem imagética,utilizando como pano de fundo a fantasia.

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero



Este poema foi escrito na década de 1930, no 2º momento do Modernismo literário brasileiro, onde as mudanças nas quais o país passou, se apresentaram na literatura em forma de desabafo, e nesse caso um “desabafo utópico”.


Invente,descubra a sua Paságarda!

Abraços!

Rouge Cerise